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A Mulher da Chuva de Svetlana Telets


Tenho há muitos dias pensado nesse nosso mundo, e de como podemos chegar ao que de fato desejamos ser o ideal, (digo nós, porque há muitos de nós, pessoas preciosas das quais anseiam também desse ideal), de vida e de viver, ou melhor, bem viver.

Pensei sobre o “cara” do agro, e de como ele poderia de fato ser “pop”, e os povos indígenas de como poderiam continuar a existir, pensei nas religiões e de como poderiam todas se unirem, emanando luz e paz em nosso território, pensei em quanto os políticos poderiam ser honestos ou extintos, pensei em quantas delegacias poderiam ter a “sala de diálogos e escuta”, nos presídios, homens e mulheres livres o suficiente para refletirem, pensei nos chamados ‘’meninos da pecuária’’ que ‘’não param’ ’como poderiam parar, respirar, descer da “Hillux”; pensei, pensei e pensei, lembrei de meus irmãos e irmãs de “raça” e de quando poderíamos deixar de nos preocupar com isso!

Pensei tanto, imaginei com tamanha força, que em meus lábios um sorriso se fez brotar, involuntariamente, como se escrevesse num caderno de pedidos, que logo chegaria, um pedido ao universo. Mas uma olhada ao meu redor e um profundo respirar diante da chuva que caía, me trouxe de volta, a esse corpo, a essa realidade, a esse mundo, e me lembrei do porquê dessa brisa, voltei ao instante anterior, voltei ao gatilho inicial.

Eu pensava sobre a ganância, a competitividade e sobre vencer, era sobre isso, e em minha mente confusa, rezei para que tivesse um acerto diante de tal pensamento, ou estaria louca.

É possível viver um bem viver?

Não tenho respostas.

Mas deveríamos com urgência nos moldar e nos debruçar sobre nossas construções e criações; poderíamos nascer de novo?

O problema do mundo não é o mundo e sim os modos que vão se moldando e dando forma e base às vivências; e porque digo da ganância, competitividade e sobre vencer, como um dos modos mais agressivos que têm impactos e pactos no âmbito da humanidade?

Lembrei-me que desde muito cedo somos expostos e influenciados a “ganar”, competir e vencer; ainda na mesa do parto no instante do nascimento o jogo em início, nos pesam, nos medem e a partir daí determinarão o “meninão” ou a “menininha”, inculcando na mãe o orgulho ou a inferioridade diante de outras mães, diante de outros bebês, assim se dá a competição, quando estiverem no quarto devidamente instalados e ambos, inclusive o mais jovem, já capturados e juntamente com as outras mães, vão compartilhar os pesos e medidas, e alguém vence; ali o maior e mais poderoso orgulho toma forma de querer e um querer mais e mais, mamãe e bebe gananciosos o suficiente a serviço da vida.

Assim crescemos, assim nos criamos e assim desejamos o mais e mais, não se finda, infinitamente estamos todos em busca de mais, e para isso precisamos atacar e destruir o que é menos, menor, de pouca importância, de menor necessidade, assim achamos, assim desejamos e assim vencemos.

Seremos um dia capazes de deixarmos de vencer, ou ao menos querer?

É possível um “bem viver”?

Deixaremos os jogos, os signos, a ganância, a competição, o vencer? Mas o contrário de vencer é perder; seríamos nós, os donos do mundo, capazes de perder?



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