Vitima, ofensor e comunidade (VOC)

A atuação na facilitação de conflitos sustenta processos restaurativos em situações conflitivas que emergem do cotidiano no espaço institucional. Nosso trabalho acontece na facilitação, desenhadas nas seguintes etapas:

Acolhimento da situação - mapear as pessoas envolvidas na situação conflitiva e que foram afetadas direta ou indiretamente pelo acontecimento. Disponibilidade para realizar a primeira escuta, que pode ser individual ou em grupo dependendo da situação, buscando construir segurança, vinculação afetiva e maior entendimento das dinâmicas do conflito.

Pré-Círculos
Escuta individual das pessoas afetadas diretamente pelo acontecimento, buscando compreender pensamentos, sentimentos e necessidades. Apresentamos também os princípios da Justiça Restaurativa e a prática metodológica do Processo Circular. Nesta fase do processo o reconhecimento, a responsabilização e as possibilidades de reparação vão tomando forma como premissas de um processo restaurativo. Buscamos fortalecer cada envolvido a falar em primeira pessoa e pensar convivências mais justas e seguras para seguir adiante, apesar do que aconteceu. Difere-se readicalmenter da lógica exercida pela Justiça tradicional baseada na culpa, pena e retribuição. Aqui identificamos o que cada um precisa e o que cada um pode ofercer.
Esta etapa do processo é a preparação para que as pessoas envolvidas possam elas mesmas, diante uma das outras, reconhecer o que aconteceu, responsabilizar-se pelo que aconteceu e juntas pensarem numa reparação possível.

Círculo
Como os conflitos envolvem a quebra da confiança, de uma regra, da ordem ou da lei e há a presença da vítima, do ofensor e de outras pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo acontecimento, os processos circulares concentram seus esforços em reconhecer o que aconteceu como início da responsabilização necessária à reparação dos danos materiais e/ou simbólicos.
O Círculo em si é o espaço de encontro entre as pessoas afetadas pelo acontecimento. O processo é dividido em etapas, investimos tempo em: construir vínculos entre os envolvidos a partir da contação de histórias pessoais; partilha de experiências onde pensamentos e sentimentos possam ganhar expressão, facilitados por perguntas abertas; abordagem do assunto (conflito) em questão e por fim um plano de ação construído coletivamente.

Pós-Círculo
Realização de um novo Círculo com as pessoas envolvidas, que tem como objetivo a sustentação dos combinados estabelecidos. Verificamos se há novas necessidades, se é preciso fazer outros combinados, se todos estão seguros e bem. É a manutenção daquilo que foi combinado coletivamente no Círculo anterior. 

​

Como acontece: cada pré-círculo individual tem duraçao de 2 horas aproximadamente. Não é possível precisar a quantidade de pré-círculos necessários para cada processo, já que cada pessoa entra em contato com suas necessidades de maneira diferente. A escuta é feita preferencialmente de maneira virtual, podendo ser presencial conforme a necessidade.
O Círculo com os envolvidos e a comunidade de apoio tem a duração aproximada de 4hs e é feito de forma presencial.
O Pós-Círculo acontece de maneira semelhante ao Círculo, podendo ocorrer aproximadamente 3 meses após o Círculo.
O acompanhamento de histórias conflitivas segue a metodologia Vítima, Ofensor e Comunidade de Apoio (VOC), mas é importante ressaltar que cada situação é singular e exige cuidados específicos. No âmbito de cada instituição, onde os conflitos difusos revelam dimensões estruturais de marcadores de classe, raça e gênero, as proporções coletivas podem demandar a realização de outros Círculos de Diálogo.