A Justiça Restaurativa propõe um novo paradigma ético que sustenta a construção do justo pautada nas necessidades humanas, ou seja, na "verdade" mais genuína e honesta que constitui cada sujeito. Mas sendo sujeito a tudo o que está a sua volta, incorpora verdades pautadas em crenças ilusórias que sustentam verdades de época e são assim, marcas constituintes de sua subjetividade.
A Filosofia Prática tem a ver com a ética da vida e a ética da vida tem a ver com tudo o que vive e luta para existir, não só como um corpo finito, mas como um ser. Com esse pano de fundo, praticar a filosofia é cotidianamente tentar perceber de que maneira atuo em favor do existir, que é nesse mundo, nesse tempo, pois somos produção do agora e sob este acaso da vida, nossas escolhas serão reduzidas.
O ser humano em certo tempo percebeu que para a conservação de si, a aliança com outros seres humanos seria proveitosa e necessária. Entretanto, como tudo na vida regida pelo pensamento matemático, os encontros entre seres humanos dotados de mentes pensantes, acarretaria em diversos efeitos, sucessivos afetos. O que esses encontros produziram e ainda produzem? Do que seríamos capazes em nome daquilo que imaginamos sentir?
A JR é antes de tudo um exercício filosófico que busca refletir tais crenças, mais do que uma metodologia prática, marcada por arranjos técnicos ou manejos, traz consigo a ampliação do conhecimento sobre si e sobre os outros, sobre as dores, sofrimentos promovidos pelo encontro e seus afetos desdobrados. Pode ser assim um modo de vida marcado pela busca de estar no mundo como co-criador dele, num processo de descoberta que passa pelo autoconhecimento, mas se amplia muito além de si mesmo.
É nesse sentido que a Justiça Restaurativa se aproxima de uma possibilidade do retorno ao intuito da natureza quando quer apenas existir. A JR propõe a construção do justo pela ética da vida e aliada à Filosofia Prática trabalha na construção do justo tendo como base o respeito de que toda natureza é. Poder existir na presença do outro, sabendo que sempre nos afetamos no encontro.
Poder cuidar dos efeitos dos nossos afetos é o que de mais justo podemos construir na experiência humana e permanecer de acordo com as leis universais da natureza da vida.
Poder existir na presença do outro, consciente de que no encontro somos afetados e afetamos também. Fantástica descriçao para a restauraçao, bom seria se o mundo vivesse esta empatia. Sucesso para voces !!! Boa jornada.