Na sexta-feira, dia 24 de maio, estivemos na cidade de Ourinhos para participar de um encontro com o objetivo de sensibilizar o público e fortalecer as práticas da Justiça Restaurativa que já acontecem na cidade. Atualmente o Projeto Florescer que acontece nas escolas da cidade, tem à frente o Eurico Aparecido Rodrigues e a Rose Helena Henrique, funcionária da Segunda Vara Criminal e da Infância e Juventude de Ourinhos.
Em agosto de 2018, Rose e Alessandra, funcionárias do Fórum, conseguiram a autorização da Juíza Renata Ferreira dos Santos Carvalho para fazerem a formação oferecida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, e junto com Eurico foram até Campinas para a formação de Facilitadores oferecida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, ministrada pela Fernanda Laender, nossa fundadora.
Os laços se estreitaram e na sexta-feira pudemos participar desse encontro promovido pela Segunda Vara, com uma palestra sobre Justiça Restaurativa, para uma platéia de mais de 100 pessoas, composta em sua maioria por estudantes de Direito e Psicologia, educadores, pessoas que trabalham com o Sistema de Garantia de Direitos da Infância e Juventude, Juízes, mediadores e outras pessoas interessadas.
A palestra foi construída no primeiro momento com abordagem dos conceitos filosóficos caros à Justiça Restaurativa, usando a filósofa Boneca Emília (de Monteiro Lobato) e os filósofos Espinosa e Nietzsche, para chamar a atenção da importância da Filosofia na prática da vida, e que o pensamento nos auxilia a descontruir crenças há muito tempo solidificadas na subjetividade humana, principalmente à respeito do que chamamos de Justiça. Mas, não só. Para chegar a uma descontrução é fundamental que possamos discutir a Ética (Espinosa), que diferentemente da moral dos impotentes (Nietzsche), é feita pelos fortes no momento em que se abrem para dar passagem à toda manifestação da vida.
Cada vez mais entendemos que esta desconstrução é necessária para dar novos caminhos ao pensamento, maior reflexão crítica para a mudança ética que as práticas de Justiça Restaurativa nos convoca. Falamos sobre como a JR chegou no Brasil, os caminhos percorridos desde a década de 90 e os principais desafios encontrados atualmente.
Foi um encontro potente, de trocas e aprendizados, sobre como a Justiça Restaurativa pode ser um caminho de investigação sobre os modos de contrução do justo, causando interesse numa platéia que permaneceu até às 23hs, em plena sexta-feira!
Ao final, diversas perguntas foram feitas pelos participantes e o objetivo de sensibilizar pessoas e profissionais pareceu dar um primeiro passo bastante importante. Muitas pessoas se mostraram interessadas pelo provocação que a Filosofia pode conter, se sentiram deslocadas no pensamento e agora querem saber mais e como podem contribuir para o fortalecimento da Justiça Restaurativa na cidade.
Atualmente, o Projeto Florescer tem recebido grande demanda para realização de círculos nas escolas e outras instituições e quem sabe em breve não teremos mais um Núcleo de Justiça Restaurativa Comunitária. no Estado de São Paulo.
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